O Governo do Paraná oficializou a criação do Centro de Referências em Educação Ambiental Não Formal Escola do Mar, um ambiente de pesquisa e educação ambiental que vai aliar o conhecimento científico ao saber tradicional caiçara. A Escola do Mar funcionará no recém-criado Parque Estadual Ilha das Cobras, no Litoral do Estado. O decreto de criação foi assinado pela governadora Cida Borghetti, segunda-feira (01).
Nesta terça-feira (02), representantes do Governo do Estado, do Ministério Público Estadual e de ONGs ambientalistas estiveram na Ilha das Cobras para uma visita e reunião técnicas. O objetivo foi definir os próximos passos para a implantação da escola e da nova unidade de conservação. A Escola do Mar terá gestão compartilhada entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que também ficará responsável pela gestão do Parque Estadual.
O Governo do Estado já garantiu um recurso de R$ 2 milhões para o local, oriundo do Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema). Além do fundo, recursos para o funcionamento da Escola do Mar virão de compensações ambientais, do Tesouro do Estado e da captação junto a organismos nacionais e internacionais.
ESTRUTURA
O encontro desta terça-feira reuniu representantes da Secretaria do Meio Ambiente, do IAP, Casa Militar, Polícia Ambiental, Copel, Patrimônio do Estado, Universidade Federal do Paraná, Ministério Público e as ONGs Mar Brasil e Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) para planejar a estruturação do parque.
“Fizemos uma análise de todas as ações que devem ser realizadas, desde a parte de obras, estruturação, reformas e adaptações até os programas de educação ambiental, pesquisa, visitação e o plano de manejo do parque”, explicou o presidente da Sanepar, Ricardo Soavinski, que é oceanógrafo e coordenou o projeto de implantação do parque e da escola.
CASARÃO
Entre os temas discutidos estão a elaboração de um plano de manejo para planejar a visitação ao parque e as melhorias necessárias na infraestrutura local. O casarão onde será instalada a escola foi construído em meados do século XIX e funcionou como cadeia e reformatório onde eram levadas pessoas com doenças contagiosas. Recentemente, era utilizado como casa de veraneio dos governadores do Paraná.
Está prevista a construção de uma planta fotovoltaica de 300 metros quadrados, que fornecerá energia à ilha, e de uma estação de tratamento de esgoto compacta. “Estamos planejando a melhor forma de ocupação deste espaço, que tem uma paisagem natural belíssima e vai proporcionar a conservação da biodiversidade, a visitação pública e projetos de pesquisa e educação ambiental”, destacou Soavinski.
De acordo com ele, as atividades de educação ambiental e visitação de pequenos grupos já devem começar no início do ano que vem. “Ainda não há clareza de como isso vai funcionar, mas já temos algumas diretrizes. Com base no que foi discutido nesta reunião, as equipes vão poder desenvolver suas tarefas”, disse.
ESCOLA DO MAR
A implantação da Escola do Mar vai seguir os Princípios Essenciais de Letramento Oceânico, uma filosofia educacional que busca integrar a população das cidades costeiras aos conhecimentos do mar. “A Escola do Mar traz esse novo conceito mundial para dentro dos programas que serão executados aqui. Ela vai atender principalmente as pessoas que moram no entorno da ilha”, explicou o chefe do Departamento Estratégico de Conservação do IAP, Felipe Luiz.
Serão ofertados cursos livres nas áreas de turismo, biologia marinha, esportes marítimos e diversos programas que incluam conhecimentos sobre o oceano. O local também vai centralizar os projetos de educação ambiental voltado aos visitantes e às escolas de ensino fundamental e médio. Também são estudadas parcerias com universidades para programas de graduação e pós-graduação. “A escola servirá como base de pesquisa avançada. Além de ficar dentro de um parque, ela será estratégica porque a ilha é um ponto de rota migratória da tartaruga marinha e conta com uma população grande de cetáceos”, afirmou Felipe.
ILHA DAS COBRAS
No início de setembro, a governadora Cida Borghetti assinou o decreto que transformou em Parque Estadual a Ilha das Cobras, antiga residência de veraneio dos governadores localizada na Baía de Paranaguá. A unidade de conservação tem 52 hectares de área remanescente de Mata Atlântica e é parada de descanso e alimentação de tartarugas marinhas jovens.
A Ilha das Cobras pertence à União e foi necessário aval federal para a constituição do novo parque no local. Em 30 de agosto, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão enviou ofício ao Governo do Estado se posicionamento favorável à criação de uma unidade de conservação na área. Além disso, também renovou a cessão da ilha ao governo estadual para que faça as intervenções necessárias.
Um grupo de trabalho foi criado em junho deste ano para estudar uma nova destinação para a ilha. A tarefa ficou a cargo das secretarias estaduais do Meio Ambiente, da Educação, da Comunicação Social e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Casa Civil, Procuradoria-Geral do Estado, Sanepar e IAP.
O processo de criação do Parque Estadual cumpriu o que prevê a Legislação Ambiental, incluindo a apresentação do projeto em consulta pública aos moradores e comunidade pesqueira de Paranaguá. Nas consultas, foram apresentados dados, informações e esclarecimentos sobre o projeto aos moradores locais.
0 Comentários